A Compostaggio nasceu da inquietação de duas pessoas em relação a tudo que naturalizamos chamar de lixo. Jogar fora, mandar pra longe e terceirizar a nossa responsabilidade sob a geração e destinação de resíduos virou algo extremamente cômodo. Quando falamos de resíduo orgânico não nos damos conta de que antes de ir parar na lixeira ele era parte integrante do nosso alimento, que foi produzido para a nossa alimentação e consequentemente deveria voltar ao seu estado natural, ciclando nutrientes e gerando mais alimentos. Mas, geralmente descartamos tudo o que resta do nosso pós-consumo sem saber o seu real destino final. Como se, sozinha, a reciclagem fosse nos salvar da nossa negligência. Vivenciamos isso nos corredores da universidade em que cursamos Biologia, junto de uma legião de futuros profissionais da área ambiental, o que parecia muito contraditório.

 

Foi nesse contexto que, em meados de 2018, tivemos a iniciativa voluntária de destinar para a compostagem local todos os resíduos orgânicos gerados no Bloco 57 e laboratórios de pesquisa adjacentes. Entusiasmados com a ideia, consultamos e recebemos a aprovação da coordenação do curso e com um pequeno auxílio por parte de professores que frequentavam o bloco, conseguimos recursos para comprar caixas para montar a composteira e iniciar o projeto. Assim, com meia dúzia de baldes reaproveitados posicionados em locais estratégicos dos corredores (para que as pessoas pudessem colocar as cascas de frutas e outros resíduos orgânicos), uma composteira de caixas que ficou bem localizada na frente do 57 e os conhecimentos práticos sobre compostagem que o Daniel já tinha, botamos o projeto para funcionar. Toda semana, passávamos pelo menos uma vez nos sete pontos com baldes e cartazes instrutivos para recolher e levar os resíduos até a composteira.

 

A ideia deu certo! A cada dia que se passava era mais gratificante ver que o número de caixas da composteira aumentando e o engajamento de estudantes, professores e funcionários também. Além disso, ver a composteira funcionando era algo importante para as pessoas que tinham o seu primeiro contato com compostagem ali. O biofertilizante líquido e o adubo gerados eram utilizados nas plantinhas do bloco e o excedente também era compartilhado. Essa experiência nos mostrou que, mudar de hábito, rever velhos preconceitos e sair da zona de conforto pareciam ser três etapas cruciais para as pessoas saírem do modo automático que as mantém no mesmo lugar e assim assumir a compostagem como solução prática, limpa e eficiente.

 

Toda as vezes que pensávamos que os nossos solos e águas, alimentos e pessoas estão sofrendo cada vez com a poluição generalizada e, ao mesmo tempo, estamos desperdiçando os únicos resíduos que são inteiramente recicláveis - os orgânicos - sabíamos que podíamos fazer mais. Assim, a compostagem que nos uniu e nos motivou ao entorno de um propósito em comum, nos levou a criar oficialmente a Compostaggio, em outubro de 2020. Acreditamos que colocar a compostagem como peça-chave é devolver os resíduos orgânicos ao ciclo dos alimentos, para que o ciclo possa girar infinitamente. Nós, aqui na Compostaggio, não temos dúvidas de que transformar a forma como tratamos os nossos resíduos e como nos relacionamos com eles é uma atitude genuína para promover a real mudança que queremos no mundo. E, você?

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Daniel e Giovanna

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